Câncer de Próstata, um importante problema para o homem e sociedade

O câncer de próstata tem grande importância por ter uma elevada incidência clínica e das altas taxas de cura desses pacientes quando a doença é detectada em fases iniciais.

Câncer de próstata

Câncer de próstata

Nos dias atuais, apreciável soma de recursos tem sido destinada ao estudo do cãncer de próstata, não apenas porque ela é sede de crescimento benigno, que atinge e produz incômodos urinários em quase todos os indivíduos maduros, mas também por originar a neoplasia mais comum dos homens, sendo que sua incidência é maior que os cânceres de pulmão e cólon. Em nosso país quase 150 mil homens terão a doença maligna.

A probabilidade de desenvolver câncer de próstata aumenta com a idade, e pode acometer o homem sem lhe causar qualquer mal.

Fatores de risco

Indivíduos com antecedentes familiares de câncer de próstata têm maior chance de ter a doença, sendo que em casos hereditários o tumor se manifesta mais precocemente. Dieta rica em gorduras parece ter importância na gênese da doença.

A incidência da doença é maior entre os negros, em comparação com os brancos. Os índios têm uma incidência menor ainda que os brancos.

Clínica

Anos atrás, a maioria dos pacientes com câncer de próstata apresentava-se com neoplasia disseminada, mas, em decorrência dos programas de detecção precoce e orientação preventiva, esse fenômeno se modificou e, atualmente, a maior parte desses casos é identificada ainda com a doença localizada. Nesse tipo de doença a manifestação da doença tem pouca sintomatologia.

Detecção do tumor primário

A detecção do câncer de próstata é feita pelo toque digital da glândula, através de medidas do PSA sérico e da ultrassonografia transretal.

O toque digital tem sensibilidade que varia entre 18% e 35%, dependendo do tipo de paciente que está sendo avaliado. As dosagens do PSA têm sensibilidade um pouco maior que o toque digital, da ordem de 40% a 50%. Sob o ponto de vista prático, níveis séricos de PSA inferiores a 2,5 ng/ml, em pacientes com o toque prostático normal, acompanham-se de riscos desprezíveis de presença de câncer na próstata, o que permite que esses casos sejam apenas seguidos clinicamente.

Sob o ponto de vista prático, o rastreamento do câncer de próstata deve ser feito por meio de avaliações anuais quando os níveis de PSA situam-se acima de 1 ng/ml e a cada dois anos quando esses níveis são inferiores a 1 ng/mg. Essa sistemática deve se iniciar aos 50 anos, sendo recomendável sua antecipação para a idade de 40 anos nos pacientes de maior risco, incluindo-se aqui história familiar da doença em parentes de 1º grau e indivíduos da raça negra.

A biópsia da próstata deve ser indicada em todos os pacientes com áreas de maior consistência na glândula e/ou com elevação dos níveis séricos de PSA.

Tratamento

Ao se planejar o tratamento dos casos de câncer de próstata, deve-se levar em consideração a extensão da doença, o grau histológico do tumor e as condições gerais do paciente. Os tumores localizados inteiramente dentro da glândula nem sempre precisam ser tratados, mas, quando isso for necessário, pode-se recorrer à cirurgia ou à radioterapia conformada. Quando o câncer atinge os envoltórios da próstata, costuma-se indicar tratamento radioterápico associado à terapêutica hormonal antiandrogênica. Finalmente, quando o tumor se estende para outros órgãos, a doença é tratada com castração ou hormônios antiandrogênicos.

A estratégia de tratamento dos casos de câncer de próstata deve levar em conta as perspectivas de vida do paciente. A orientação conservadora (vigilância clínica ou tratamento hormonal) está justificada nos casos com perspectiva de vida menor que 10 anos, quer pela idade avançada do paciente, quer pela existência de doenças complexas associadas. Quando as condições gerais e a idade prenunciam chances razoáveis de sobrevida de mais de 10 anos, o tratamento curativo radical deve ser adotado.

Uma grande controvérsia envolve o tratamento dos pacientes com câncer localizado da próstata. Cirurgiões e radioterapeutas proclamam que a cirurgia radical e a radioterapia conformada, respectivamente, representam a maneira ideal de se tratar tais casos, referindo índices de sobrevida de 10 anos entre 60% e 95%.

Talvez por esses motivos, quando instados a participar da escolha do método de tratamento, a maioria dos pacientes opta pela cirurgia radical. Mais da metade dos pacientes prefere ser submetido a intervenção cirúrgica e 29% escolhem a braquiterapia ou a radioterapia externa.

Aspectos desfavoráveis também existem em relação à cirurgia radical. Embora seu valor curativo seja inquestionável e a intervenção seja atualmente realizada com baixa morbidade, a prostatectomia radical pode provocar impotência sexual e incontinência urinária, comprometendo a qualidade de vida do paciente. A impotência, que se caracteriza por perda das ereções penianas, surge em 95% dos casos operados com mais de 70 anos de idade, em 50% dos indivíduos com 55 a 65 anos e em 15% a 20% dos pacientes com menos de 55 anos. Incontinência urinária moderada ou grave surge em 20% a 40% dos pacientes submetidos à cirurgia em centros não-especializados, mas acomete apenas 2% a 4% dos casos quando a intervenção é realizada por equipes habilitadas.

A radioterapia conformada, apesar da sua característica não-invasiva, também se acompanha de efeitos indesejáveis. Entre 40% e 50% dos pacientes desenvolvem impotência sexual, que surge um ou dois anos após o tratamento e, por isso, nem sempre é atribuída à radioterapia. Além disso, cerca de 20% apresentam reação actínica em reto, ânus e bexiga durante o tratamento, que tende a melhorar após um ou dois meses, mas pode se perpetuar em cerca de 10% dos pacientes.

Em resumo, cada um dos métodos atuais de tratamento do câncer localizado da próstata envolve vantagens e inconvenientes que devem ser apresentados aos pacientes para que esses participem conscientemente da decisão. Dos especialistas espera-se que sejam transmitidas informações precisas e sem viés, apresentando aos pacientes as situações em que a cirurgia radical, a radioterapia externa ou a braquiterapia acompanham-se de menores chances de sucesso.

Prevenção

A prevenção do câncer de próstata não pode ser feita de forma eficiente, porque ainda não são conhecidos os fatores que modificam a maquinaria celular, tornando-a maligna.
Hábitos dietéticos específicos talvez possam reduzir os riscos de câncer de próstata. Nesse sentido, tem-se recomendado alimentação com baixo teor de gordura animal, hábito comum nos países onde a incidência da doença é baixa (o ideal é que sejam ingeridos diariamente apenas 15% do total de calorias sob forma de gordura). O consumo abundante de tomate cozido e seus derivados parece diminuir em 35% os riscos de câncer de próstata, segundo estudo realizado na Universidade de Harvard.

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